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Revista Luz & Cena
opinião
Expomusic: apesar das mudanças, otimismo deu o tom
Redação
Publicado em 29/09/2016 - 14h40
AM&T
Retomada da confiança foi lema do evento (AM&T)
Retomada da confiança foi lema do evento
Quem, como a Áudio Música & Tecnologia, esteve presente durante os cinco dias da edição 2016 da Expomusic, pôde notar alguns pontos principais desta versão do megaevento. O primeiro fato, percebido rapidamente, é que a feira, a mais importante do nosso país entre as que abordam os temas áudio, instrumentos musicais e iluminação, diminuiu de tamanho. Diversas empresas optaram por formas de comunicação com o mercado que não a montagem de um estande no Anhembi, novo palco da Expomusic. E, por isso, os eventos paralelos vêm ganhando força.

Outro fato que merece destaque foi a presença majoritária de empresas do mercado de instrumentos musicais, deixando o segmento de áudio profissional em segundo plano. Pode-se dizer que espaços em que antes mesas de mixagem e soluções de gravação e produção eram conferidas e testadas, na edição 2016 foram trocadas pelos já anteriormente celebrados estandes em que visitantes podem experimentar guitarras, synths e máquinas de eco, entre outros itens. E quase não se notou a presença de empresas de iluminação no evento. As poucas que lá estiveram acabaram concentrando toda a atenção de quem tem interesse pelo setor. Mas, de fato, praticamente não se viu luz na feira.

José Rivas, diretor geral da Shure América Latina: estande da companhia esteve entre os mais movimentados


Dito isso, quem esteve presente à Expomusic, seja como expositor, comprador ou entusiasta, provavelmente saiu satisfeito. O barulho de sempre, resultado da mistura de sons vindos de dezenas de estandes, foi o tema "quase musical" ao fundo enquanto sistemas de som, equipamentos e instrumentos eram demonstrados e experimentados. E no que diz respeito a negócios, o que se sentiu em conversas com os presentes é que vive-se um momento que pode significar uma retomada. A própria Expomusic "vendeu" essa ideia, com material gráfico espalhado pela feira que trazia uma mensagem otimista, de superação ("Retomando a confiança"), após algum tempo de baixo-astral generalizado. O evento do ano passado, quando o dólar estava na estratosfera e as incertezas político-econômicas eram gigantescas, não nos deixa mentir.

E tanta positividade se traduziu em resultados. Segundo dados oficiais divulgados pela organização da feira, foram registrados R$ 240 milhões em vendas ao longo dos cinco dias. Synésio Batista da Costa, presidente da Abemúsica (Associação Brasileira da Música), que promove o evento junto com a Francal Feiras, foi categórico ao afirmar que a Expomusic 2016 "representou o fim de um ciclo de queda e o início da retomada das vendas". Que os bons dias tenham chegado para ficar.

Parte desse sucesso em 2016 pode ser explicado pelo incentivo aos negócios entre lojistas e expositores. Só as Rodadas de Negócios, iniciativa criada justamente com este intuito, renderam cerca de R$ 3 milhões, com 218 encontros entre 35 empresas expositoras e 30 pequenos lojistas sendo realizados apenas nos três primeiros dias da Expomusic. Também é importante destacar que as atrações musicais, parte cada vez mais importante da feira, também ajudaram a levar 42.087 pessoas ao Anhembi (com 5.258 compradores entre eles) entre os últimos dias 21 e 25 de setembro, o que significa um crescimento de 17,2% em relação ao número de visitantes registrado em 2015.

Lançamentos

Para quem é nosso leitor ou integra nossa equipe, ficou um quê de frustração por não ver a feira deste ano desempenhando seu tradicional papel de verdadeira plataforma de lançamentos. Há poucos anos era possível listar um grande número de produtos que na Expomusic poderiam ser conferidos pela primeira vez, e essa lista até rendia seções especiais em publicações especializadas. Essa escassez de novidades pode ser explicada pelo calendário e pelas estratégias das companhias, mas, de qualquer forma, independentemente de explicações, trata-se de um ponto negativo, por mais que para o grande público, que encheu o Anhembi no fim de semana, isso em nada tenha atrapalhou a "festa".

Para não dizer que não citamos algumas novidades presentes no evento nesse breve resumo, vale registrar que, durante a cobertura da festa, ao entrevistarmos José Rivas, diretor geral da Shure América Latina, pudemos ter não apenas contato, mas também utilizar o novo microfone SM58-50A, edição limitada que comemora os 50 anos de lançamento do icônico SM58. O mic conta com todas as características técnicas do produto clássico, mas com um acabamento prateado e menção ao 50º aniversário impressa em seu corpo.

Novo Shure SM58-50A: edição limitada comemora os 50 anos de lançamento do icônico SM58


No estande da Quick Easy, diversas novidades Electro-Voice, marca do Grupo Bosch, puderam ser conferidas. Como destaque, a nova linha de microfones e equipamentos para estúdio ou atuação ao vivo da Série ND, que aposta em diafragmas maiores e dinâmicos, maior qualidade acústica e alta performance. Passando rapidamente pelos fones in-ear, a Audicare, na Expomusic, apresentou ao mercado o novo Universal AM Pro, disponível nos modelos AM Pro 10, AM Pro20 e AM Pro30, devidamente mostrados ao público pelo consagrado e sempre bem-humorado técnico Lazzaro Jesus.

Lazzaro Jesus, no estande da Audicare, apresentou o novo fone in-ear Universal AM Pro, disponível nos modelos AM Pro 10, AM Pro20 e AM Pro30


No espaço da ProShows pôde ser conferido o novo subwoofer Lexsen LSB-18A, que conta com amplificador classe AB, possibilitando melhor profundidade e menor distorção na reprodução das baixas frequências, e conta com sistema de proteção de calor com um LED Limiter, que indica quando a caixa ultrapassa a temperatura ideal de operação.

No estande da Quick Easy, diversas novidades Electro-Voice, marca do Grupo Bosch, puderam ser conferidas


Já no campo dos intrumentos, mas com muita tecnologia empregada, a Roland levou ao seu espaço itens que chegam às lojas brasileiras nos próximos meses, como o TR-09, uma nova versão do icônico TR-909 drum machine e parte da série Roland Boutique. Com operação e painel iguais aos do modelo original, os produtos contam com a tecnologia Roland ACB, para um som mais poderoso. A mesma Roland ACB também é empregada em outro lançamento levado à feira - o Roland TB-03, "parente próximo" do synth TB-303 Bass Line.

Mas isso é só uma "pitada" do que foram os lançamentos observados - não na quantidade de sempre, vale enfatizar - durante o evento. Em nossa matéria sobre a feira, a ser publicada na edição 302, você terá uma visão bem mais ampla dos produtos que foram mostrados ao mercado pela primeira vez.

Eventos paralelos

No começo deste texto destacamos que os eventos paralelos à Expomusic seguem ganhando força. Seja dentro ou fora dos domínios da feira, e por motivos diferentes, novas formas de comunicação com o mercado têm surgido, e em 2016 isso se tornou ainda mais evidente.

Em uma espécie de miniauditório/anfiteatro situado bem no centro da exposição, foi realizado o Expomusic Talks, em que temas como Google Marketing, futuro do varejo e da música, produtividade, relação empresa/colaboradores, estratégias de negócios, novas tendências em pesquisa com o consumidor e mercado gospel foram abordados em painéis e debates de curta duração, sempre com público e speakers devidamente munidos de headphones, de modo a escaparem do já citado ruído constante que sempre domina o ambiente da Expomusic.

No Holiday Inn Parque Anhembi, a poucos metros de onde acontecia a Expomusic, a D.A.S. do Brasil promoveu no dia 21 uma master class das mais interessantes com o renomado e divertido engenheiro Fernando Diaz, que tem em seu currículo trabalhos com nomes como Alejandro Sanz, Santana, BB King, George Michael, Shakira e Mark Anthony.

Fernando Diaz em ação durante master class promovida pela D.A.S. do Brasil


A TSI Microfones foi outra companhia a apostar no formato, apresentando para lojistas, representantes e usuários sua linha de microfones, com vários lançamentos, em um evento realizado entre os dias 21 e 23 de setembro no hotel São Paulo Inn, em São Paulo. Entre os produtos apresentados estavam os microfones 68M-SW e 68P-SW, projetados para uso em vocal principal, backing vocal, captação de instrumentos de cordas através de amplificadores e percussão em geral. Outro lançamento da marca foi o BR-8000-UHF, um sistema duplo de microfones sem fio com processo de recepção duo-4 diversity.

Já a primeira edição do Music Hall Festival Get My Idol, resultado de uma parceria entre a Expomusic e o aplicativo focado na realização de shows e aproximação entre artistas e fãs, contou com 30 bandas finalistas, que se apresentaram nos dias 23 e 24 na Arena Expomusic. No fim, o júri, formado por Márcio Gianullo, Caesar Barbosa, Fernando Silveira Cardoso e Vinícius Sauerbronn, com supervisão de Toni Garrido, curador artístico do festival, premiou as três que mais impressionaram: Dani Andrade DNA (terceiro lugar), Vibehouse (segundo lugar) e Folk na Kombi (primeiro lugar).

A criançada não ficou de fora da agenda de atividades da feira. Para elas a Expomusic ofereceu uma oficina de iniciação musical com especialistas da JogVibratom e professores do Conservatório Souza Lima. Juntos, eles orientaram os pequenos em brincadeiras e exercícios com instrumentos. Para o pessoal um pouco maior, uma edição especial do Barkley Smooth Jazz Festival foi realizada na Arena Expomusic no dia 22, apenas confirmando que a pluralidade de eventos foi um mote da feira.

Futuro

O saldo da Expomusic 2016 é uma incógnita. Centenas de milhões em vendas, um público que superou o de 2015 e bastante otimismo em um cenário realmente mais promissor do que o que tínhamos em setembro do ano passado. Por outro lado, o evento agora está menor e o áudio perdeu força, enquanto o lado "feira de instrumentos", os shows e os eventos paralelos ganharam destaque. Imaginar como será a feira de 2017 ainda é um exercício complexo. Retorno ao formato de sempre? Independência e atuação externa cada vez maior por parte das empresas? O entretenimento tomando de vez a dianteira? Façam suas apostas. O que dá pra cravar é que a Expomusic seguirá atraindo e sendo fundamental para o mercado como um todo, mas com novas cartas na mesa.
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