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Revista Luz & Cena
Em Tempo Real
Marcelinho Guerra
Rodrigo Sabatinelli
Publicado em 28/10/2016 - 00h00

Músico, produtor musical e engenheiro de gravação, mixagem e masterização, Marcelinho Guerra é também sócio de um dos mais bem equipados estúdios de Belo Horizonte, o Locomotiva, por onde já passaram artistas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Otto, Rogério Flausino, Flávio Renegado, Toninho Horta e Samuel Rosa, entre muitos outros.

Aos 11 anos de idade, quando montou sua primeira banda, "um poderoso power trio", ele se viu literalmente apaixonado pela música, e desde então não se distanciou dela. De lá para cá, saboreou cada etapa de sua evolução, que, como ocorre com parte dos jovens nessa faixa etária, iniciou-se, basicamente, nas descobertas e nos experimentos.

"O pai do baterista [da banda] montou um estúdio para que nós ensaiássemos durante os finais de semana. Eu, como sempre fui muito curioso, adorava estar lá, mexendo em tudo, testando todas as possibilidades", lembra Marcelinho, que ao longo dos últimos anos produziu mais de 300 canções, lançadas em singles, EPs, CDs e DVDs, e, hoje, além de administrar o Locomotiva, viaja o país ao lado de Wilson Sideral, artista com o qual trabalha há seis anos.

A seguir, as preferências do profissional, que sonha trabalhar para sempre com nomes ligados 100% à música e à arte.

MICROFONES: Gosto muito do TM-1, da Pearlman Microphones, que é um clone do U47, da Neumann. Trata-se de um mic valvulado, de cápsula larga, que acabou se tornando o meu preferido para captação de voz, dentre outras aplicações, como, por exemplo, em gabinetes de baixo e guitarra. Ele tem muito "corpo" e, mesmo nas vozes mais estridentes, soa macio. Curiosamente, o melhor som de violão de aço que já tirei na vida foi com ele. Mas engana-se quem pensa que é um microfone fácil de lidar. Por ter muita sensibilidade, ele capta muito as salas e qualquer mudança de angulação já modifica o som do instrumento.

Além dele, gosto muito do RE20, da Electro-Voice, que tem uma definição muito boa nos graves, podendo ser usado em bumbos com peles fechadas, e é muito fácil de se posicionar, e do M 160, da Beyerdynamic, um ribbon hipercardioide que soa muito bem ao lado de qualquer condenser. Costumo utilizá-lo em captações de hi-hats, overs, mono rooms e bumbos de bateria.

PRÉ-AMPLIFICADOR: O 1073D, da BAE Audio, um pré "gordo" que conta com três bandas de equalizador que me permitem fazer todo e qualquer tipo de ajuste. Costumo utilizá-lo em todos os tipos de fontes sonoras pela qualidade e flexibilidade que ele me dá.

XODÓ: Meu mix buss, pois trabalho com mixagem híbrida e, por conta disso, ele faz muita diferença. Meu método de trabalho é, basicamente, o seguinte: primeiramente, envio os canais do Pro Tools para uma Symphony I/O, da Apogee, e dela sigo com eles para o summing D-Box, da Dangerous Music, e, consequentemente, para o G Buss, da SSL. Desse G-Master sigo diretamente para os 1073, da Neve, ou para os Pultec, da Warm Audio, dependendo, claro, do tipo de trabalho que estou finalizando, pois são duas ferramentas completamente diferentes, e após passar pelos 747, da Avalon, chego ao conversor Apogee Rosetta 200, que tem um soft limiter muito bom.

PERIFÉRICO: Recentemente comprei um par de compressores 160, da dbx. São equipamentos de muita personalidade, que podem ser usados, por exemplo, em bumbos e caixas de bateria, pois têm muito punch e "colorem" demais o som deles. É um VCA imbatível.

PLATAFORMA DE GRAVAÇÃO: Aqui no estúdio uso o Pro Tools, que tem uma interface interessante, é fácil de trabalhar e, mais do que isso, é o software universal, usado por produtores e engenheiros de todo o mundo.

NO ESTÚDIO, GOSTO DE: Experimentar! Tenho muitos instrumentos que comprei ao longo dos anos pensando nas gravações e gosto muito de usá-los, de afiná-los de acordo com cada música, sabe? Também gosto de gravar tudo valendo. Costumo fazer dessa forma para que, na mix, o som já esteja bem prontinho e eu possa trabalhar mais, durante essa etapa do processo, as questões artísticas.

NO ESTÚDIO, NÃO GOSTO DE: Conversa paralela. É importante estar sempre focado.

ENGENHEIRO NACIONAIS DE MIXAGEM: César Santos, daqui de BH, com quem trabalho sempre, e Gustavo Lenza. O César é um cara que tem um ouvido excepcional e que, por conhecer meu jeito de trabalhar e meu gosto, consegue me entregar as mixagens prontas, sem necessidade de recall. E o Gustavo, com quem espero trabalhar um dia, é o engenheiro que fez o "Vagarosa", disco da Céu, que tem um som fantástico, cheio de personalidade e que me marcou muito.

ENGENHEIRO INTERNACIONAL DE MIXAGEM: Atualmente, tenho curtido muito o trabalho de dois caras - o Michael Brauer e o Tom Elmhirst. O Brauer sabe usar muito bem efeitos como reverbs, delays e drives e, principalmente, as ambiências. Todas as mixagens dele soam grandiosas e são muito ousadas. E o Tom é o típico engenheiro que enxerga uma mix por outra perspectiva. É um cara que constrói um shape para as músicas, sabe?

ENGENHEIRO NACIONAL DE MASTERIZAÇÃO: Ricardo Garcia, que é a lenda da masterização no Brasil, e Felipe Tichauer, brasileiro que tem um estúdio em Miami.

ENGENHEIRO INTERNACIONAL DE MASTERIZAÇÃO: Certamente, Bob Ludwig. Gosto de tudo o que ouço dele, pois trata-se de um engenheiro que trabalha muito bem a questão a dinâmica, dentre outras coisas.

SONHO DE CONSUMO: Poder sempre trabalhar com artistas que estejam ligados 100% à música, à arte.

DICAS PARA INICIANTES: Pesquisem muito! Tem muita coisa na internet, muitos vídeos dos grandes profissionais mostrando suas metodologias etc. Mas o principal de tudo é trabalhar os ouvidos e colocá-los em prática, pois o áudio, na teoria, é relativo. Então, para mim, a combinação perfeita é pesquisar e praticar.
 
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