RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Em tempo real
Renato Carneiro
Marcio Teixeira
Publicado em 02/09/2015 - 00h00

Renato Carneiro é um técnico de PA e monitor que, aos 49 anos, pode se orgulhar de há tempos conectar seu talento e experiência a consoles e - consequentemente - músicas de muita gente boa, seja no Brasil ou fora dele. Segundo o profissional, seu interesse pelo som vem de longa data, pois sempre esteve envolvido com música, tocando bateria de forma amadora em bandas até por volta dos 20 anos de idade, e também sempre demonstrando apreço por equipamentos eletrônicos de áudio. "Nunca programei minha profissão até estar nela", destaca.

No início dos anos 1990, Renato acompanhava uma banda de rock paulistana chamada A Casa Caiu, formada por grandes amigos. "Eu ajudava a carregar equipamento, montar... Era uma bela banda de som autoral. Um dia, o Duda Costa, batera do grupo, falou: 'Renatones, vê como tá a voz lá na frente, dá uma arrumada'. Pra mim, foi ali que minha carreira começou. Foi quando despertou a ideia", recorda ele, que, segundo conta, durante um bom tempo frequentou o Aeroanta, finada casa de espetáculos em São Paulo, indo a shows duas vezes por semana e ficando sempre perto da mesa de PA, olhando. "O Waltinho era técnico da casa na época. Me ensinou muito. Foi meu primeiro guru", explica.

Depois de alguns meses, em 1991, o técnico que fazia monitor no local, Jaime Saldanha, saiu, dando a Renato a chance que ele precisava para colocar a mão na massa. "Eu assumi o cargo. Não sabia quase nada, mas sempre perguntei. Sempre." Após algum tempo fazendo o monitor da casa, a banda punk-folk francesa Mano Negra, capitaneada por Manu Chao, apareceu no Aeroanta. O grupo exigiu, para seu show, um sistema maior, prontamente oferecido pela Transasom.

"Foi então que conheci meu segundo guru - o Castor -, que também me ensinou muito do que aplico hoje em dia.. Algumas semanas depois ele me chamou pra fazer uns shows pela Transasom, no monitor. Já eram shows grandes. Nunca esqueço o primeiro console 'grande' que conheci. Era um Panasonic Ramsa 840. Olhei para ele, me assustei, pedi o manual e fui estudar. Em pouco tempo de Transasom, fomos fazer um show do Capital Inicial. Na semana seguinte a produção da banda me ligou. Fui pra estrada com eles ainda em 1991, mixando os monitores."

Daí, sua carreira como técnico de monitor e PA deslanchou. Além do Capital, trabalhou fixo com Chrystian & Ralf, Sensação, Zezé di Camargo e Luciano, KLB, Lobão, Mutantes e Natiruts e em esquema free com nomes como Fábio Junior, Roberta Miranda, Zélia Duncan, Guilherme Arantes, Pedra, Marina Elali, U2 Cover One e Luciana Oliveira. Atualmente opera o PA de Bruno & Marrone e faz o monitor do programa Música Boa ao Vivo, do Multishow, pelo Epah!, empresa paulistana dona de quatro unidades móveis e especializada em transmissões ao vivo de shows, festivais, programas de TV e gravações ao vivo. Renato, que já fez muitos carnavais no Rio e em São Paulo, também trabalha atualmente para a Audio Systems como suporte DiGiCo no Brasil.

Questionado sobre o que é necessário para ser um bom profissional, o técnico destaca que o amor - pela profissão, pelo áudio e pela música - é essencial. "E estudar, praticar, perguntar, ensinar e ouvir muita música", acrescenta ele, que, quando o assunto é o futuro, diz nunca ter programado muito a sua vida. "Mas estou gostando muito dessa história de ensinar, participar de treinamentos, workshops. Quero continuar e ampliar essa nova face da minha profissão", encerrou.


BATE-BOLA

Console: DiGiCo SD7

Microfone: Shure Beta 58

Equipamento: Um bom laptop + UB Madi (interface Madi USB)

Periféricos: Praticamente morreram na minha vida, mas um Avalon 747 é bom em qualquer situação

In-ear: sistema Shure PSM 600 antigo. Só tem duas frequências, mas som ainda é o melhor.

Monitor de chão: Meyer Sound MJF-212

Última grande novidade do mercado: Console DiGiCo S21

Casa de shows do Brasil: O Olympia, em São Paulo, que já fechou há um bom tempo

Melhor companheiro de estrada: Adilson Soares, que mixa os monitores do Bruno & Marrone. Com ele há sempre muito respeito e muita risada, ingredientes básicos pra não pirar na estrada.

Melhor sistema de som: Série J, da d&b Audiotechnik

Processador: Galileo 616, da Meyer Sound

Plug-in: Uso pouquíssimos plug-ins, mas gosto muito do IR-Live, da Waves

SPL alto ou baixo? Por que? Minha resposta é o famoso "depende", pois o que é alto num determinado local, com determinada banda, pode ser baixo em outra situação. Tenho mixado o Bruno & Marrone sempre por volta de 100 dBA.

Melhor posicionamento da house mix: No centro, e onde representar o "meio" do público. No máximo, a 35 metros.

Melhor unidade móvel de gravação: Epah! Estúdios UMA3. Baseada em uma DiGiCo SD7B, ela grava e mixa até 128 canais em estéreo e 5.1.

Técnico inspiração: Big Mick, responsável pelo melhor som de PA que já ouvi na minha vida: Metallica, 1991, em Sampa

Sonho na profissão: Fazer PA ou monitor pra Dave Mathews Band

Sonho já realizado na profissão: Estar vivendo dela nos últimos 25 anos

Dicas para iniciantes: Tenha certeza absoluta de que é isso que você quer, faça inglês (tudo o que você vai operar estará escrito em inglês), estude, pergunte e ouça muita música.

 
Conteúdo aberto a todos os leitores.